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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ação da PETA em Macau contra tráfico de animais exóticos


Hoje, a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, associação estadounidense com expansão internacional) manifesta-se no centro histórico de Macau para alertar turistas sobre a pegada ecológica e ética de produtos de pele de cobra e de outros animais.

Ver a notícia no Macau Daily Times e SIC Notícias.

3 comentários:

  1. Gostei. Assim como gosto de tudo o que nos faça pensar e nos atraia para o que vai para além de nós mesmos. Confesso que sou particularmente sensível a estas campanhas da PETA, assim como às da Greenpeace. No entanto, e infelizmente, as hiperbolizações inadequadas das suas ações fragilizam, por vezes, a credibilidade que lhes é devida. Inclusivamente, hoje em dia, estes grupos activistas são mais comummente descritos como excêntricos do que como justos ou visionários. Os seus ideais de direitos dos animais não parecem incluir os do Homem, enquanto esperam que o Homem se dedique exacerbadamente aos direitos das outras espécies. No fundo tem tudo a ver com um conceito que aprendi recentemente e que adorei: a Rampa Deslizante – a abrangência de um argumento aplicado a um ponto particular a algo mais lato. Mas já lá vamos.

    A PETA dedica-se activamente a questões ligadas à ética e ao Bem-estar Animal. Alertam-nos para os maus tratos indiscriminados a animais. As atrocidades a que assistem são dignas de serem prontamente castigadas com os mesmos procedimentos que vêem ser efetuados. O prazer que algumas pessoas retiram desses atos é agoniante, o que valida prontamente a existência de grupos como a PETA, no que diz respeito aos alertas que dinamizam de forma feroz.

    Contudo, quando elevam esse nível de consciencialização ao vegetarianismo, deixam de contar com o meu apoio incondicional. O radicalismo a que se propõem nem é coerente. Senão vejamos. Sem dúvida que a nossa dieta, ao longo de milhões de anos, sofreu grandes alterações, e que já fomos seres quase exclusivamente herbívoros. Mas, na verdade, o nosso organismo está, na actualidade, adaptado a uma dieta omnívora, necessitando, também, de proteínas animais. A presença de dentes caninos versus um intestino delgado com quase nove metros de comprimento são prova disso (apenas ao nível de nota de rodapé, a opção de nos tornarmos exclusivamente herbívoros implicaria, com o passar dos anos, o desaparecimento dos dentes caninos o que, apesar de ser um processo adaptativo, sê-lo-ia não por condicionamento ao meio ambiente, mas sim por uma tomada consciente de decisão).

    Tal como outras espécies, também nós nos alimentamos de outros animais e de vegetais – outro reino, mas ainda assim, seres vivos. Levar os humanos a consumir apenas vegetais não continuaria a ser não-ético? Qual seria a nossa alternativa? E quanto às outras espécies? Devíamos obrigá-las a aplicar os direitos dos animais? De que se alimentaria o leão? É aqui que entra o tão discreto conceito de Rampa Deslizante, que muitas vezes usamos de forma inconsciente e egoisticamente selectiva. Até onde é permitido estender os direitos dos animais?

    Rebuscado? Talvez, mas analisando pormenorizadamente a situação, creio que devemos aceitar que as tomadas de posição não devem ser extremistas. Todas as espécies interagem ao nível da alimentação. Algumas até, parecem tirar algum prazer em atordoar a presa antes de aplicar o golpe final. Vista à lupa, esta ação não passa de uma ferramenta de ensino.

    Por outro lado, se algumas pessoas matam outras espécies por prazer ou por questões comerciais e de forma repugnante, outras há que o fazem por necessidade e de um modo humano - e creio que é este o busílis da questão - e que fazem uso de todas as partes do animal para a sua própria sobrevivência, utilizando desde a carne para alimento até às peles para aquecimento corporal.

    Em conclusão, gostei da campanha. Foi, ao contrário de algumas da PETA, apelativa, pedagógica e à prova de argumentação. Porque é disso que se trata. Da forma como desrespeitamos e abusamos das outras espécies em contextos em que a nossa sobrevivência não está em causa.

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  2. Obrigado pelas suas reflexões, Vanda, que sem dúvida contextualizam o seu ponto de vista em relação ao modo como tratamos os animais. O argumento da rampa deslizante faz sentido para quem defende uma posição de igualitarismo biocêntrico. Segundo esta visão, se tudo o que é vivo tem igual valor, com que argumento se defendem uns (seres vivos) em detrimento de outros? Não se deveria defender todos por igual?

    Gostava ainda de desafiar o seu raciocínio em relação às motivações que levam as pessoas a matar animais. Mencionou dois casos extremos, mas o que nos interessa mais são os casos intermédios onde a maior parte de nós se situa. O que é que acha mais aceitável: matar animais por motivos comerciais e de forma humana ou por necessidade e de forma repugnante?

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  3. (Antes do mais, lamento só ter conseguido responder agora)

    É, sem dúvida, um tema tão complexo como é interessante e relevante. Gosto de pensar, então, que tenho uma boa dose de igualitarista biocêntrica em mim. É pena que este assunto não consiga ser tão linear como eu gostaria porque sei que incorro no erro de não ser coerente nas minhas opiniões.

    Creio que, acima de tudo, defendo a Natureza e os ecossistemas. As interações interespecíficas fazem parte de um sistema equilibrado, em que a escassez de alimento leva à diminuição do número de indivíduos da espécie predadora, permitindo um crescimento desse mesmo alimento e consequente aumento dos números da espécie predadora. É um ciclo que permite o desenrolar da seleção natural, onde as características mais fortes ganham um novo papel nos ecossistemas, dando lugar ao interminável processo de evolução.

    Ainda hoje acho que a descoberta do fogo foi o primeiro catalizador de uma aceleração na evolução do Homem, em relação às outras espécies, que nos permitiu desenvolver um estado de consciência (aliança entre a senciência, memória episódica e a metacognição) mais complexo.
    O que nos leva à pergunta sobre o que poderá motivar as pessoas a matar animais por prazer. A expressão que me ocorre é “frustração”. Posso apenas especular que a incapacidade de lidar com situações desfavoráveis que se vão acumulando, ao longo das nossas vidas, aliada à educação e cultura que se vive, pode levar a actos reprováveis como aplicar a nossa agressividade noutras espécies.

    Se me pede para opinar sobre se é mais aceitável o meio ou o fim… prefiro opinar que não concordo com qualquer um. Matar por qualquer outro motivo que não seja alimentar ou aquecimento corporal (de preferência como aproveitamento das peles) – e com isto refiro-me ao comércio que “alimenta” a vaidade humana - ainda que de forma humana não é melhor nem pior do que matar de forma cruel para nos podermos alimentar. É possível juntar o melhor de ambos e não me ocorre aceitar o pior de qualquer um deles.

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